O exemplo de Valéria, uma jovem sertaneja no interior nordestino, mergulhada na precariedade da escola. Mesmo que ela somente possa ir à escola (em uma cidade vizinha) três vezes, devido ao transporte quase sempre quebrado, Valéria carrega um enorme talento para a escrita, posto em dúvida por professores quase sempre despreparados e visivelmente desmotivados pelo descaso das autoridades em uma das regiões mais pobres do país.
No cenário carioca, vemos jovens desorientados pelo sistema público de ensino e tentados pelo tráfico. Os professores têm poucas forças e meios para resistir. A exceção é apresentada através de música e dança afro, que não compensa as falhas pedagógicas, mas faz toda diferença para um meio estudantil sem perspectiva. Nesse ambiente, desenvolvem-se dramas paralelos como as brigas, as drogas e a gravidez adolescente.
Em São Paulo, os problemas são similares e outras questões vêm à tona. O sonho de chegar a uma universidade, apesar de programas como o ProUni, ainda é distante para os alunos do sistema público paulistano. Ainda sob más gestões do governo, as escolas, os professores e os estudantes sofrem com a escassez de recursos. Surgem, no entanto, focos de esperança, como o projeto de um fanzine produzido pelos alunos. A publicação levanta debates, como o homossexualismo, e faz a rotina escolar menos dura.
Ainda em São Paulo o outro extremo. No Colégio Santa Cruz, um dos mais caros da cidade, surgem debates diferentes, mas igualmente relevantes. Para os jovens da classe privilegiada as preocupações mais fortes são a repetência, escolha de uma profissão e aprovação no vestibular.
A diversidade de temas, personagens e olhares faz de “Pro Dia Nascer Feliz” um documento sobre a adolescência e educação no Brasil.

Márcio Cabral é diretor de movimento estudantil universitário da UJS
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